Os desafios do novo presidente do Paraguai

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-04-24 11:55:15

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Por Guillermo Alvarado

O candidato do Partido Colorado, Abdo Benítez, é o novo presidente do Paraguai ao ganhar com pequena diferença de 3,7 por cento as eleições de seu rival Efraín Alegre, candidato de uma aliança entre o partido Liberal Radical Autêntico e a Frente Guazú, do ex-presidente Fernando Lugo.

É uma vitória amarga para Benítez, porquanto antes dos pleitos houve pesquisas que prognosticaram uma vitória sua de até 20 por cento de diferença, que evaporou na linguagem concreta da votação.

Em primeiro lugar, isto significa que as propostas do partido que mais vezes governou o Paraguai não convenceram perto da metade dos eleitores.

Para o analista José María Costa, o novo presidente, para governar com estabilidade, terá de recorrer ao diálogo político, principalmente em temas muito sensíveis como o aumento da pobreza e as enormes desigualdades, tanto no interior das cidades quanto nas áreas urbana e rural.

Benitez é uma figura muito próxima do antigo ditador Alfredo Stroesner, que governou com mão de ferro durante 35 anos, de 1954 a 1989. O pai do ora eleito presidente foi secretário pessoal do tirano e um dos quatro homens mais poderosos durante seu regime e acusado de enriquecimento ilícito, ao cair o ditador. Porém, conseguiu conservar sua fortuna ao ser arquivado o caso por um tribunal.

Abdo Benítez reivindicou alguns aspectos da ditadura de Stroesner, especialmente quanto às questões econômicas, entre elas o tratamento preferencial dispensado aos setores econômicos mais poderosos. Em seu programa de governo propõe manter um regime fiscal light para empresários nacionais e estrangeiros sob o pretexto de aumentar o investimento estrangeiro.

Porém, a pequena diferença obtida nas eleições com relação ao seu rival mais próximo e a dura realidade do Paraguai não darão muita margem de manobra.

Herda de seu antecessor Horácio Cartes (também do Partido Colorado) um país com discreto crescimento em seu Produto Interno Bruto PIB e, ao mesmo tempo, com cada vez mais pessoas vivendo em condição de pobreza.

Qualquer um sabe se a economia cresce e também cresce a pobreza é porque há um sistema que permite a um punhado de pessoas se apropriarem da riqueza que produz o resto.

Quarenta por cento dos menores de 10 anos, isto é, umas 600 mil crianças, vivem em condições precárias e delas mais de 136 mil na miséria. Todas carecem dos serviços mínimos de saúde, educação e moradia.

Um dos graves problemas do Paraguai é a existência de 1,2 milhão de adultos exercendo trabalho informal, sem garantias trabalhistas e com salários ínfimos, que só reproduzem a condição de pobreza em sua família, especialmente de seus filhos.

Abdo Benítez não tem muito tempo para mostrar se está disposto a ser um presidente de todos, ou – como seu antecessor – só governará para as camadas abastadas. Quase a metade da população ficará de olho.

 



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