México: o sexênio da impunidade

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-08-29 12:31:27

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Por: Guillermo Alvarado

Faltam apenas três meses e alguns dias para que finalize no México a presidência de Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional. E já começou o balanço do resultado de sua gestão, que, conforme alguns analistas, tem nuances bem negativas, especialmente no tema dos direitos humanos, que foram sistematicamente violados ao longo de seus 6 anos de governo.

Várias organizações encaminharam relatório que documenta a situação e cujo título espelha o vivido nesse país latino-americano. Diz assim:

“Defender os direitos humanos no México: O sexênio da impunidade”.

O documento realça que de 1o de dezembro de 2012 (data em Peña Nieto assumiu a presidência) a 31 de maio de 2018 foram cometidas 1.743 agressões de diferentes tipos contra ativistas humanitários, como ameaças, ataques físicos, detenções arbitrárias, desaparecimentos e execuções extrajudiciárias.

Não só se violaram as garantias fundamentais de centenas de milhares de pessoas, mas também foi sistemática a hostilidade contra os defensores dos direitos humanos e a maioria dos atos permanece impune.

Jan Jarab, representante no México do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, afirmou que a mensagem do governo à sociedade é que agredir os ativistas sai grátis e, portanto, se pode repetir.

Este problema também afeta outros importantes segmentos populacionais mexicanos, como jornalistas, líderes de comunidades indígenas, estudantes, protetores do meio ambiente e do território, que foram alvos de ataques cujos autores nunca foram alcançados pelo braço da justiça.

Desde dezembro de 2015 foram assassinados 45 comunicadores em diferentes lugares do país, e não houve nenhum caso em que os autores e mentores dos crimes tivessem sido desmascarados, detidos, julgados e condenados.

Se somam à lista os 43 alunos de uma escola normal do município de Ayotzinapa, no estado de Guerrero. Policiais deram sumiço neles há quatro anos e os pais não receberam nenhuma explicação plausível do governo, ou seja, não sabem até hoje o que foi feito deles.

Igualmente cresceu o número de pessoas que denunciam ter sofrido maus tratos durante sua detenção arbitrária. Em março de 2017, o relator especial da ONU sobre a tortura disse que no México essa prática é generalizada.

Jan Jarab pediu ao futuro presidente Andrés Manuel López Obrador que resolvesse esse problema. “É preciso admitir, primeiro, que as violações dos direitos humanos e a impunidade dos culpados existem no México”, afirmou o funcionário da ONU.

A verdade e a justiça são elementos indispensáveis para começar a sarar as feridas num país quebrado por uma violência inusitada e a teimosia das autoridades de desviar a vista para não ter de enfrentar as causas e buscar o remédio.



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