G-20, muito barulho para nada

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-12-03 11:10:23

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Por Guillermo Alvarado

Muito barulho e poucos, pouquíssimos resultados, deixou a cúpula anual dos 20 países mais desenvolvidos do planeta – o G-20 – que se realizou nos dias 30 de novembro e 1o de dezembro, em Buenos Aires, a capital da Argentina, sem tocar nos assuntos mais graves que afligem a humanidade.

Talvez o mais destacado foi verificar como o presidente dos Estados Unidos Donald Trump conseguiu isolar seu país transformando-o num estranho entre seus achegados.

Aconteceu a mesma coisa na França, quando se comemorou o final da Primeira Guerra Mundial: o chefe da Casa Branca esteve lá, mas não fez parte do grupo.

Desta feita, em Buenos Aires, Trump não participou do tradicional encontro chamado “sessão frente à frente” em que os chefes de delegações se reúnem durante uma hora para conversar num salão, dois a dois, ou em grupos e discutem assuntos não pautados oficialmente.

O chefe de Estado norte-americano insistiu em sua saída do Acordo de Paris sobre Mudança Climática e como o tema apareceu na Declaração Final, só aceitou assiná-la se a posição de seu governo fosse clarificada.

Talvez o presidente da França, Enmanuel Macrón, foi que mais claramente admitiu o fracasso dessa reunião ao afirmar que o sistema multilateral está em crise. Curiosa definição de um encontro convocado justamente para criar consensos.

No documento final, temas como a crise migratória mundial, ou o problema dos refugiados, só foram tocados superficialmente, e mal se fez referência à necessidade de consultar com organismos internacionais, como a ONU ou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

Admitiu-se a necessidade de reformar a Organização Mundial do Comércio para eliminar desigualdades no intercâmbio e conter o protecionismo norte-americano, mas o tema não prosperou sendo arquivado para próximos encontros.

Washington e Pequim assinaram uma espécie de trégua na questão dos impostos para o ano que vem, mas todas as medidas adotadas anteriormente ficam, entre elas os impostos extras sobre a importação de aço e alumínio nos Estados Unidos.

Temas como a fraude e os paraísos fiscais foram discutidos superficialmente, como acontece em todas as reuniões de cúpula do G-20, falta um enorme trecho no caminho para resolvê-los e obter justiça tributária.

Nada mostrou melhor o ambiente tenso da Cúpula do G-20 que as violentas manifestações ocorridas em Paris, nesses dias, com mais de 100 feridos e quase 300 detidos devido à subida do preço da gasolina que degrada a qualidade de vida média da população.

O presidente da Argentina, Maurício Macri, ficou muito contente por todos os presidentes terem assinado a inconsistente Declaração Final, magro resultado para uma reunião de dois dias que custou 200 milhões de dólares que saíram do bolso dos contribuintes argentinos, um preço alto demais para um país mergulhado na crise.



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