Contra o fantasma do Huanchicoleo

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2019-01-14 11:29:54

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Por: Guillermo Alvarado

No México, o huachicol, ou huachicoleo significa adulterar o mezcal – bebida alcoólica muito popular no país e uma de cujas variantes mais conhecidas é a tequila, que se chama assim porque se produz na cidade do mesmo nome, situada no estado de Jalisco, bem pertinho de Guadalajara.

Nos últimos tempos, essa palavra se tornou muito popular, mas aplicada a outra atividade bem menos ingênua e que provoca prejuízos à economia calculados em vários bilhões de dólares ao ano. Estamos falando concretamente no roubo de gasolina e de outros hidrocarbonetos dos dutos, ou diretamente dos postos de armazenamento.

Ninguém pense no antigo método de picar a tubulação e tirar alguns litros para vendê-los no bairro.

O governo do novo presidente Andrés Manuel López Obrador está enfrentando um assunto muito mais sério. Trata-se de verdadeiras máfias que, embora tenham um nome quase folclórico, atuam com grande precisão, estão embutidas em estruturas do Estado e embolsam consideráveis somas de dinheiro que lhes proporciona poder e domínio.

López Obrador anunciou que nos primeiros 20 dias de seu governo, o huachicoleo diminuiu de 787 caminhões-cisternas diários para 177, isto é, houve uma redução de 77,6 por cento.

Mesmo assim, o assunto é grave, porque 177 caminhões-cisternas diários equivalem a 5.310 ao mês e 63.720 ao ano. Isto significa que estamos falando em bilhões de litros de combustível roubados.

Os métodos são sofisticados e sua implementação precisa da cumplicidade de altos funcionários. Na refinaria d Salamanca, por exemplo, se descobriu um estabelecimento clandestino que leva gasolina dos tanques para um depósito no exterior através de um duto de três quilômetros de comprimento.

A empresa Petróleos Mexicanos PEMEX se tornou nas últimas décadas a mãe de todas as corrupções e serviu tanto para criar fortunas milionárias, quanto para comprar eleições e todos os negócios sujos imagináveis.

López Obrador, em seu livro “2018, a saída”, publicado durante sua campanha eleitoral, dizia que um dos negócios mais lucrativos dos governos neoliberais foi vender o petróleo nacional ao exterior para importar gasolina.

O México é um dos principais produtores de petróleo, mesmo assim é obrigado a comprar no exterior mais de 60 por cento dos combustíveis que gasta. Devido a esse contra-senso, a gasolina no México custa 30 por cento mais que nos Estados Unidos e muito mais do que na Guatemala, onde não tem petróleo.

Por cima, boa parte é roubada, mas não por ladrões de galinha, e sim por colarinhos-brancos. Entre os que ora estão sendo investigados aparece o general Eduardo León Trauwitz, encarregado da segurança de PEMEX no governo anterior e ex-chefe de escoltas de Enrique Peña Nieto.

A corrupção no México é um monstro de muitas cabeças e ir cortando uma a uma é a tarefa titânica do governo de López Obrador. É indispensável completar a tarefa para recuperar a confiança de uma população farta de ser pobre e marginalizada.



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