Os esquecidos de sempre

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-04-09 13:17:04

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Por Maria Josefina Arce

Mais de um bilhão 400 milhões de pessoas no mundo vivem na pobreza e perto de 900 milhões passam fome. Tais números são verdadeiramente alarmantes. Agora, com a ameaça da Covid 19, são ainda mais preocupantes levando em conta o perigo que envolve essa doença causada pelo novo coronavírus.

O exército de pobres e famintos é engrossado pelas comunidades indígenas. Segundo a CEPAL – Comissão Econômica das Nações Unidas para América Latina e o Caribe – 30% dos membros dos povos originários vivem mergulhados na pobreza.

Os indígenas são um dos segmentos populacionais mais vulneráveis porque vivem isolados, muitas vezes sem informação e nas piores condições sanitárias. São eles os esquecidos de sempre, os que não recebem atendimento necessário dos governos de direita na região.

Nos pacotes de medidas adotados pelos governos do Brasil, Bolívia, Chile e Equador, onde há notável presença de comunidades indígenas, não há nenhuma palavra sobre o que farão com as mesmas.

Os povos indígenas que mostraram no passado pouca resistência às doenças respiratórias trazidas de outros cantos do mundo, correm atualmente um grande risco de vida, porque, em muitos casos, são pessoas desnutridas, anêmicas ou padecem outras doenças.

Ademais, seus territórios são invadidos diariamente por turistas, e também pelos que pretendem roubar seus recursos, usurpar suas terras com fins de lucro e que não são detidos pelas autoridades. Em muitos casos, como no Brasil, o próprio governo incentiva essas ações criminosas.

Na Colômbia, por exemplo, foram tirados de suas terras ancestrais por grupos paramilitares, e o governo tem assumido uma atitude indiferente ante as denúncias.

O panorama atual no mundo e nas Américas, onde a pandemia avança com verdadeira fúria, é um novo perigo para os povos originários. Muitos, desde souberam da nova doença, se embrenharam ainda mais na selva, temerosos e convencidos de que não receberão ajuda.

A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica - que congrega nove países sul-americanos- convocou os países a protegê-los e não permitir que pessoas estranhas entrem em seus territórios.

Para a organização, a ameaça que representa a Covid 19 deve ser vista dentro de um problema mais amplo: as carências das políticas dos países que permitem a exploração descontrolada do meio ambiente, o proselitismo religioso, o tráfico de drogas e a perseguição de líderes sociais.

É doloroso que os povos autóctones, que dão lições de amor e cuidam da natureza, são donos de uma grande sabedoria e nossas raízes, continuem sendo os esquecidos de sempre.

 

 



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