Líbano, golpe decisivo?

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-08-10 12:07:26

Pinterest
Telegram
Linkedin
WhatsApp

Por Guillermo Alvarado

O Líbano é um ponto no Oriente Médio onde se misturam culturas milenares, desde os fenícios, primeiros grandes navegantes e comerciantes do mundo, os romanos, árabes, muçulmanos, cristãos e otomanos, e muitas das calamidades criadas pelos humanos na história.

É uma espécie de encruzilhada, cujas origens se perdem nas raízes do tempo, porém tem menos de 100 anos de vida independente, boa parte castigada por guerras domésticas.

Dominado pelo império otomano desde o século 16 até a derrota turca na Primeira Guerra Mundial e, mais tarde, protetorado da França até 1943, quando se reconhece sua independência.

Líbano alcançou certa estabilidade e se converteu num centro financeiro importante, tanto assim que acabou sendo conhecido como “a Suíça” do Oriente Médio.

Uma guerra interna de 1975 a 1990 destruiu boa parte do que tinha progredido e mostrou as rachaduras de um sistema em que um por cento da população é dona de 40 por cento da riqueza nacional.

Em uma pequena nação onde convivem 18 confissões religiosas – muitas delas inimigas mortais entre si – e com a vizinhança nefasta de Israel, as possibilidades de paz são poucas.

Antes da pandemia da Covid-19, mais da metade da população vivia na pobreza e foi justamente esse segmento que acolheu mais de um milhão e meio de refugiados sírios, o que piorou a situação.

A doença triturou os mais desprotegidos e encheu os hospitais.

Em meio a esta situação, a violenta explosão ocorrida na semana passada no porto de Beirute, a capital, onde detonaram 2.700 toneladas de nitrato de amônio vem sendo um golpe decisivo a um país devastado de antemão.

O fato em si de manter durante seis anos esse material perigosíssimo num prédio em ruínas e sem medidas de segurança mostra até que ponto a administração pública está desarticulada.

A destruição do porto é uma catástrofe. De um lado, se perderam todos os grãos armazenados lá. Do outro, através desse porto entra a comida necessária para alimentar o país, que leva tempo submetido ao fantasma da fome.

O ministro da Economia Raoul Nehme disse que o país empobrecido e com uma dívida superior a 170 por cento de seu Produto Interno Bruto não pode enfrentar os custos da destruição.

Vale perguntar por que o presidente da França Enmanuel Macron viajou tão rápido a Beirute? Humanitarismo, ou desejo de antiga metrópole de restaurar seu protetorado no Líbano, lugar estratégico de um ponto conturbado do planeta? O tempo nos dará a resposta logo.

 



Comentários


Deixe um comentário
Todos os campos são requeridos
Não será publicado
captcha challenge
up