Mali: de golpe em golpe

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-08-22 10:56:01

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Por Guillermo Alvarado

Após várias semanas de protestos que provocaram a morte de 14 a 24 pessoas, as forças armadas do Mali deram um golpe de Estado contra o governo do presidente Ibrahim Boukabar Keita, um a mais na acidentada história desse país, que fica na África Ocidental.

 O país exibe uma herança cultural rica, sede de três impérios entre os séculos 4 e 15 que permitiram que a cidade Tombuctú se tornasse um centro cultural muito importante na região, até seu desmantelamento pelas forças marroquinas em 1591.

Em 1864, tropas europeias começaram a invadir a região e, em 1895, o Mali – chamado Alto Senegal-Níger  à época – foi incorporado à África Ocidental Francesa, juntamente com a Mauritânia, Burkina Faso e o atual Níger.

Conquistou sua independência em 1960, data em que foi proclamada a República do Mali, mas nunca conseguiu ser uma nação estável. Foi vítima de inúmeros golpes, guerras com os vizinhos, fome e revoltas.

Também não pôde se livrar da tutela colonial francesa. Em janeiro de 2013, a França mandou para lá um forte contingente militar sob o pretexto de impedir o avanço de grupos extremistas. Até hoje, mantém lá muitas tropas no âmbito da Operação Barkhane para controlar a região do Sahel.

É uma região que a França julga estratégica para sua segurança, porque o Mali compartilha mais de 840 quilômetros de fronteira com o Níger, onde fica a mina de urânio a céu aberto Arlit, explorada pela firma francesa AREVA.

A França possui perto de 80 reatores nucleares que geram três quartos da eletricidade consumida no país europeu, e quase toda a matéria prima provém de Arlit.

Por isso, quando o presidente François Hollande mandou suas tropas ao Mali, em 2013, enviou, ao mesmo tempo, um contingente de forças especiais para proteger sua fonte de urânio no Níger.

Por isso, o atual presidente francês Enmanuel Macron reagiu furioso aos recentes acontecimentos em sua antiga colônia e exigiu que fosse recolocado imediatamente na presidência Keita, um bom aliado da França.

O porta-voz dos golpistas, Ismael Wagué, chefe do Estado Maior adjunto da Força Aérea, convocou a sociedade civil e as forças sociais e políticas a se unirem para conseguir a fundação de uma nova República do Mali.

 



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