Casa TodosInternacionalBrasil agita COP30 com rascunho sem menção a combustíveis fósseis

Brasil agita COP30 com rascunho sem menção a combustíveis fósseis

por Irene Fait

A COP30 está acontecendo em meio a tensões após a publicação de um rascunho do documento-base sem menção aos combustíveis fósseis, enquanto países vulneráveis ​​e grandes economias exigem manter um mapa de caminho para a transição energética.

A presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) publicou uma versão revisada do texto final sem qualquer menção ao abandono dos hidrocarbonetos tradicionais, um ponto que vinha dividindo as quase 200 delegações reunidas nas últimas duas semanas em Belém do Pará.

A omissão deixou atônitos os países que pressionam por um compromisso mais claro com a transição energética.

Na primeira versão divulgada esta semana, ainda estavam incluídas formulações alternativas para delinear um roteiro para cumprir a promessa da COP28 de iniciar o fim dos combustíveis fósseis.Essa promessa desapareceu na madrugada de sexta-feira: todas as referências foram removidas.

Por trás dessa mudança, segundo negociadores consultados, está a pressão dos principais produtores de petróleo, liderados pela Arábia Saudita, que resiste a qualquer proposta explícita para a redução gradual desses recursos.O governo saudita não respondeu aos pedidos de comentários.

Em contraste, um bloco amplo e diversificado — que vai da Alemanha ao Quênia, incluindo os estados insulares mais vulneráveis ​​— vinha exigindo orientações concretas sobre como avançar rumo à transição energética.

Antes da divulgação da nova versão preliminar, 36 países enviaram uma carta ao Brasil alertando que rejeitariam um documento final que omitisse esse roteiro.

Entre os signatários estavam Espanha, França, Reino Unido, Coreia do Sul, Chile, Colômbia, México e Panamá, bem como ilhas do Pacífico como Fiji e Ilhas Marshall.

“A COP não pode ser encerrada sem um caminho claro e justo para o abandono dos combustíveis fósseis”, alertaram na carta. A presidência brasileira tentou retomar o diálogo na quinta-feira, após um incêndio nos pavilhões que forçou a evacuação temporária do local e interrompeu as discussões.

Mesmo assim, a versão preliminar divulgada na sexta-feira permanece aberta a negociações e só poderá ser aprovada se houver consenso, um cenário que se torna mais complexo a cada hora que passa. Embora a COP30 esteja prevista para terminar nesta sexta-feira, em Belém ninguém descarta a habitual prorrogação para o fim de semana.

Além do capítulo mais polêmico, a proposta prevê triplicar os recursos globais destinados à adaptação climática até 2030, em comparação com os níveis de 2025. O texto, contudo, não esclarece se o ônus recairá sobre os países desenvolvidos, como reivindicado pelas nações mais pobres, ou se os bancos multilaterais e o setor privado também estarão envolvidos.

Fonte: Prensa Latina

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