A Declaração de Belém para a Industrialização Verde, apoiada por 35 países e organizações internacionais, irrompeu na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) confirmando que a transição ecológica deixou de ser teoria e se tornou um roteiro político.
Apresentado em uma reunião de alto nível da COP30, o documento articula metas ambientais, econômicas e sociais voltadas para a transformação do cenário produtivo, o estímulo à inovação tecnológica e a consolidação de um modelo de crescimento sustentável e compartilhado.
A proposta apela à coordenação de esforços, ao alinhamento de políticas e à aceleração da transição energética, promovendo simultaneamente a modernização industrial e abrindo novas oportunidades para os países em desenvolvimento dentro da economia verde.
“As metas climáticas devem ser acompanhadas por uma verdadeira transformação econômica”, lembrou o vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin.
O caráter histórico do anúncio também foi ressaltado por Gerd Müller, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). “Estamos vinculando metas climáticas a ações concretas para a indústria, impulsionando a inovação, o investimento e a inclusão”, observou.
A UNIDO orgulha-se de apoiar este esforço, que visa não apenas a descarbonização industrial, mas também o desenvolvimento, a criação de empregos e o avanço tecnológico, afirmou.
O enfoque social emergiu como um elemento indispensável. Júlia Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Brasil, alertou que a transição só será bem-sucedida se incluir as pessoas diretamente ligadas às indústrias e suas fontes de energia.
“Precisamos garantir empregos e benefícios para as comunidades. Se não houver uma estratégia de desenvolvimento para essas pessoas, elas buscarão alternativas para sobreviver, inclusive em mercados criminosos, como a extração ilegal de madeira ou o garimpo ilegal”, advertiu.
A Declaração de Belém estabelece um marco para a coordenação de iniciativas no âmbito da COP e para a aceleração da transformação do setor industrial, reconhecendo também a necessidade de financiamento e apoio técnico para a implementação de políticas sustentáveis em escala global.
O documento permanece aberto a novas adesões de países e organizações, em um esforço para fortalecer uma coalizão capaz de impulsionar a industrialização verde para além da retórica e transformá-la em um processo genuíno, inclusivo e global.
