Casa TodosInternacionalEm meio a tensões COP30 chega a um acordo climático

Em meio a tensões COP30 chega a um acordo climático

por Irene Fait
COP30

Em meio a tensões abertas e a pressão científica como pano de fundo, a COP30 aprovou no sábado o chamado Mutirão Global, um acordo que promove a redução do uso de combustíveis fósseis, mas sem metas vinculativas.

A adoção do documento Mutirão Global desencadeou uma tempestade política na reta final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), onde a presidência brasileira celebrou um consenso questionado pelas delegações devido à sua falta de ambição e à forma como foi conduzido o encerramento das negociações.

O presidente da conferência, o diplomata André Corrêa do Lago, confirmou a adoção do texto após uma noite de intensos debates. O entendimento acelera a implementação do Acordo de Paris.

Inclui, entre outras coisas, compromissos sobre adaptação, financiamento e transparência, mas adia para 2026 as decisões que deveriam ter sido finalizadas em Belém, o que gerou descontentamento entre os países que exigiam ação imediata.

No entanto, assim que o acordo foi anunciado, várias delegações, incluindo a União Europeia, Colômbia, Panamá e Suíça, levantaram objeções, descrevendo o processo como carente de diálogo.

Colômbia denunciou que o texto final omitia elementos negociados e acordados. Sua ministra do Meio Ambiente, Irene Vélez-Torres, alertou que o país não apoiaria um documento que “nega a ciência” e afasta a meta de 1,5 grau Celsius.

A ministra exigiu metas e prazos claros para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, ausentes devido à obstrução de grandes produtores como  Arábia Saudita.

Mesmo assim, a presidência brasileira tentou imprimir caminho próprio com duas iniciativas paralelas: um plano de transição para uma economia livre de combustíveis fósseis, apoiado por 90 países, e outro para combater o desmatamento, apoiado por um número semelhante, mas excluído do acordo principal, apesar da COP ter sido realizada na Amazônia.

O Brasil também lançou o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre para mobilizar recursos contra a exploração madeireira. O Mutirão Global, adotado por 194 países, ressalta a urgência da reduzir emissões, promove a equidade e os direitos humanos e reconhece as lacunas de financiamento.

Prevê triplicar o financiamento para adaptação, ainda que adia para 2035 a meta anual de US$ 120 bilhões, o que  evidência as tensões geopolíticas pelas quais as negociações climáticas atravessam.

Entre os avanços comemorados pela sociedade civil está a criação do Mecanismo para uma Transição Justa, concebido para garantir que a transformação econômica proteja trabalhadores, mulheres, comunidades indígenas e populações afrodescendentes.

Fonte: Prensa Latina

 

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