O Equador recebeu duas visitas chamativas de altos funcionários americanos neste ano com o objetivo, entre outros, de abrir o caminho para a instalação de bases militares.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em setembro, e a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, em novembro, anunciaram esse propósito coincidindo com o reforço da presença militar americana no sul do Caribe.
Com o argumento de combater o narcotráfico e o objetivo oculto de pressionar a Venezuela, Washington enviou uma frota militar para o Caribe e agora está acelerando os procedimentos de segurança com o governo leal de Daniel Noboa.
O presidente equatoriano, que mobilizou o exército nas ruas de Quito para calar os recentes protestos, está promovendo a presença estrangeira nesses enclaves sob o pretexto de fortalecer sua luta contra o crime organizado e o narcotráfico.
Essa política, que se baseia em declarar uma e outra vez o estado de emergência, tem produzido poucos resultados, mas não por isso aumenta o apoio aos planos anunciados de levar bases americanas para o Equador.
Diante de uma questão tão espinhosa, o presidente conservador Daniel Noboa afirmou que incluiria uma pergunta no referendo do dia 16 – para convocar uma Assembleia Constituinte e emendar a Constituição – que seria a seguinte: os equatorianos concordam com a presença de bases militares estrangeiras no país?
Proibidos pela Constituição atual, os governos anteriores, mesmo assim, realizaram operações conjuntas com os Estados Unidos em alto-mar.
Com esses precedentes, o presidente Noboa está cogitando possíveis lugares para as bases nas cidades de Manta ou Salinas, na costa do Pacífico. Inicialmente, ele não descartou as Ilhas Galápagos, só que os ambientalistas não querem ouvir falar sobre essa possibilidade.
Como um dos principais aliados de Donald Trump na região, Daniel Noboa busca minimizar os debates internos sobre bases estrangeiras e está inclusive em negociações com a França e o Reino Unido sobre a “importância”, como diz ele, de contar com sua presença militar.
Os críticos não estão de braços cruzados, argumentam que a entrada de militares estrangeiros no país não resolverá o problema da insegurança no Equador, uma vez que não existe um plano claro para combater o crime. Além disso, está o risco de comprometer a soberania nacional.
