O governo equatoriano enfrenta o mais longo movimento grevista desde que o presidente Daniel Noboa assumiu o cargo. Ele ordenou repressão e intransigência diante das demandas sociais.
Ataques, explosões, operações contra o garimpo ilegal, confrontos entre militares e gangues do crime organizado, além de coerção contra manifestantes, marcam o panorama no Equador.
O país vive um conflito armado interno declarado pelo presidente desde 2024, que, em sua visão, visa enfrentar gangues criminosas, denominadas terroristas.
As autoridades as culpam pelo nível de violência, que persiste apesar das promessas de Noboa de conter a escalada. O Equador lidera a taxa de homicídios na América Latina, tendência que se agravou em 2025, com mais de 4.600 homicídios registrados no primeiro semestre, 47% a mais do que no mesmo período de 2024.
Junto com a crescente polarização política, o governo decretou a subida do preço do diesel, medida que já havia provocado protestos massivos durante os mandatos de Lenín Moreno e Guillermo Lasso, que posteriormente reverteram suas intenções. Em resposta a uma ação semelhante de Noboa, a CONAIE, Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, convocou greve e protestos, que ocorreram nas últimas semanas.
O Equador vive dias de bloqueios e revolta dos cidadãos diante da intolerância das autoridades, que ignoram que a agitação não se deve apenas ao aumento do preço do diesel, mas também à insegurança e às tentativas de demonizar a oposição. Organizações humanitárias denunciaram o uso de armas letais contra manifestantes, que não admitem que o governo de Noboa obedeça as exigências do Fundo Monetário Internacional.
Suas prescrições impedem a alocação de recursos para melhorar a educação e a saúde, conforme exigem os manifestantes, e a redução do Imposto sobre Valor Agregado de 15% para 12%.
Por sua vez, a Aliança pelos Direitos Humanos relatou 367 violações dessas prerrogativas, 205 prisões e 15 desaparecimentos durante a greve nacional.
Como destacaram a CONAIE e as organizações sociais, as decisões no Equador são tomadas em resposta aos interesses das elites econômicas e das instituições financeiras internacionais, o que conduz ao sacrifício do povo e à violação do direito a uma vida digna.