México, luto e coragem

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2017-09-27 12:27:21

Pinterest
Telegram
Linkedin
WhatsApp

O povo do México, em meio ao luto pelas mais de 330 vítimas do terremoto que sacudiu a porção central do país em 19 de setembro passado, tornou a reclamar do governo do presidente Enrique Peña Nieto que acabe de esclarecer o destino de 43 estudantes do município de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, que levam três anos desaparecidos sem uma explicação oficial convincente.

Nos dias 26 e 27 de setembro de 2014 à noite, um grupo de estudantes de uma escola normal viajou à cidade de Iguala para participar de uma marcha que pedia melhores condições para os professores, mas no trajeto foram interceptados por policiais municipais, que os detiveram à força.

Alguns dos jovens morreram lá mesmo, outros receberam ferimentos e 43 foram sequestrados pelas autoridades e sumiram, ninguém sabe o que foi feito deles, apesar do esforço de seus familiares acompanhados por organizações sociais e humanitárias mexicanas e internacionais.

No começo, os aparatos da justiça propalaram a chamada “verdade histórica”: que os estudantes foram entregues a uma quadrilha de malfeitores, das que atuam nessa região, que teria executado e queimado seus corpos num aterro sanitário até reduzi-los a cinzas, que foram jogadas depois num rio.

Investigadores independentes demonstraram que está hipótese é irracional, porquanto não havia gasolina suficiente para calcinar 43 corpos totalmente.

Depoimentos de habitantes locais assinalam que naqueles dias tinha chovido muito, o que faz com seja menos convincente a hipótese oficial.

Os pais e parentes dos 43 de Ayotzinapa estão desconfiados de que o exército não permitiu que fosse investigado um quartel próximo, onde, segundo denúncias, pelo menos uma parte dos membros do grupos esteve retido durante alguns dias.

Chama a atenção, também, que muitos celulares das vítimas continuaram ativos vários dias depois da presumível incineração.

As autoridades locais e federais estão protelando o assunto e as escassas reuniões que os familiares sustentaram com o presidente Peña Nieto não passaram de promessas, mas não fizeram nada.

O crime se insere na extraordinária violência que flagela o país desde que o ex-presidente Felipe Calderón cedeu às pressões dos Estados Unidos para travar em seu território a guerra contra os bandos de narcotráfico que introduzem entorpecentes nos Estados Unidos, onde está o maior mercado do mundo, mas onde nunca se escuta a detenção de nenhum barão da droga, ou desmantelamento de uma mafia.

Nos Estados Unidos se consomem as drogas e se lava o dinheiro de uma atividade criminosa que mancha com sangue os países latino-americanos, os quais, são ameaçados por Washington de perderem seu certificado de luta contra o tráfico de drogas, o que equivaleria reduzir a ajuda econômica. Isto seria risível se não fosse um assunto tão grave para nossos povos.(Guillermo Alvarado)



Comentários


Deixe um comentário
Todos os campos são requeridos
Não será publicado
captcha challenge
up