Por Roberto Morejón
O recente extermínio em águas caribenhas de uma pequena embarcação que, segundo o governo dos EUA, transportava drogas, em vez de interceptá-la, evidenciou o uso do poder militar para lá dos limites estabelecidos.
O ataque à embarcação, com supostamente 11 traficantes de drogas a bordo rotulados de “terroristas” pelo governo Donald Trump, foi interpretado como uma demonstração da tendência de realizar execuções sumárias contra criminosos.
Juristas, analistas de imprensa e outros observadores questionaram a narrativa apresentada pelo governo dos EUA e consideraram o incidente uma demonstração de força diante da Venezuela assediada.
Da mesma forma, descreveram a ação como tentativa de se atribuir poder excessivo para transformar as regras do combate ao narcotráfico nas rotas marítimas.
Tanto Trump quanto seu Secretário de Estado, Marco Rubio, quiseram justificar o ataque e a subsequente neutralização do que descreveram como travessia de um barco, sem obstruir sua navegação e submeter os supostos malfeitores a processos judiciais.
Ao tachar os cartéis de drogas de terroristas, o governo Trump simplesmente transferiu impunemente as pautas policiais para as de guerra, sem autorização do Congresso.
Já havia um precedente nesse sentido, quando o governo Trump enviou o exército a Los Angeles para apoiar os agentes de imigração durante suas batidas contra imigrantes indocumentados.
Todas as transgressões acima fazem parte da tentativa desenfreada de mostrar o governo venezuelano como ligado a cartéis de drogas, sem provas, enquanto seus navios de guerra cercam o país sul-americano.
O presidente Trump também não tem autoridade para matar sumariamente aqueles que ele chama de traficantes de drogas e terroristas sem capturá-los e levá-los a julgamento, nem tem qualquer justificativa para usar essa estrutura como ferramenta para assediar um país soberano como a Venezuela.
O fato de o governo dos EUA estar esquivando os legisladores para não dar explicações do que aconteceu com o barco supostamente pulverizado levanta suspeitas sobre a credibilidade da história e a legalidade do ataque, se tudo for verdade.
Como especialistas apontaram, o direito internacional proíbe a aniquilação premeditada de civis em cenários que não envolvam guerra, e inclusive se existisse um conflito armado.