É impressionante o interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em acelerar a implementação do suposto projeto de paz na Faixa de Gaza, que inclui pressões ao seu aliado Israel para que cesse os bombardeios e permita avançar nas negociações.
Há pelo menos duas versões para explicar essa pressa: uma é circunstancial e tem a ver com a inusitada amsiedade do líder da Casa Branca para ganhar o Prêmio Nobel da Paz, que será anunciado este ano em 10 de outubro em Oslo, capital da Noruega.
Diferentemente do resto dos prêmios, o Nobel da Paz é concedido por um comitê especial qie radica naquele país, e não na Suécia, como ocorre com os outros, porque assim determinou Alfred Nobel em seu testamento.
Seria uma mancha terrível para a instituição concedê-lo em 2025 a um homem que ordenou o ataque implacável contra milhões de imigrantes em seu país, decretou o assassinato de pessoas nas águas do Pacífico Sul sob o pretexto de combater o narcotráfico e é cúmplice do genocídio contra os palestinos.
Mas há razões mais profundas que devem ser avaliadas. É verdade que o Prêmio Nobel alimentaria o ego de Trump, mas há outros interesses que alimentariam sua fortuna.
Para um homem dessa laia, a ansiedade para ganhar dinheiro supera qualquer outro desejo, e há evidências consideráveis, que analisaremos mais adiante, de que está usando sua posição para obter ganhos.
Um grupo de especialistas da ONU alertou recentemente sobre os aspectos obscuros do plano de paz para a Faixa de Gaza.
Ao mesmo tempo em que saúdam um possível cessar-fogo permanente, a libertação de reféns israelenses mantidos pelo grupo Hamas e a entrada de ajuda à população submetida por Israel à fome como arma de guerra chamam a atenção para pontos inconsistentes com o direito internacional.
Por exemplo, a proposta de criação de um organismo de transição em Gaza, a ser presidido pelo próprio Trump, que reproduz práticas coloniais, bem como uma força internacional de estabilização em substituição a Israel, liderada pelos Estados Unidos.
Na prática, isso é uma mera troca de ocupante, sem pôr fim à ocupação, e não significa de forma alguma a paz nem a liberdade, mas sim a implementação de um novo modelo de opressão.
É, nem mais nem menos, a velha fórmula expressa por Giuseppe Tomasi di Lampedusa em seu romance O Leopardo: “Para que tudo permaneça igual, é necessário que tudo mude.”