Keiko Fujimori, filha do falecido ditador peruano Alberto Fujimori, persiste em suas tentativas de se tornar presidente do Peru, país que despertou nos últimos dias com a notícia de que ela concorrerá como candidata nas eleições gerais de abril de 2026.
Em verdade, a notícia não surpreende os peruanos. Será a quarta vez que a líder do partido fujimorista e de direita Fuerza Popular (Força Popular) aspira a dirigir a nação, após ter sido derrotada em três tentativas anteriores.
Keiko Fujimori perdeu as eleições gerais de 2011 para Ollanta Humala; cinco anos depois, para Pedro Pablo Kuczynski; e mais recentemente, em 2021, para Pedro Castillo, que foi alvo de um golpe parlamentar em dezembro de 2022, destituído do cargo e preso.
A filha do ex-ditador peruano nunca aceitou os resultados das duas últimas eleições, alegando sem provas que houve fraude para impedi-la de vencer. O anúncio de sua candidatura ocorreu uma semana depois de o Tribunal Constitucional, em uma decisão controversa, ter ordenado o arquivamento de uma investigação fiscal sobre lavagem de dinheiro decorrente de contribuições da empresa brasileira Odebrecht para suas campanhas eleitorais de 2011 e 2016.
Vale lembrar que o escândalo de corrupção envolvendo a construtora brasileira implicou figuras políticas proeminentes na América Latina. No Peru, o caso alcançou Keiko Fujimori e ex-presidentes, incluindo Alan García, que cometeu suicídio.
A líder do Fuerza Popular passou 16 meses em prisão preventiva por envolvimento no caso, que também envolve outras 40 pessoas ligadas à organização política.
Falta que o seu partido formalize sua candidatura nas primárias de 30 de novembro, conforme estabelece a lei peruana. Aliás, Keiko é, atualmente, a única candidata de seu partido.
Durante o anúncio de sua candidatura na cidade de Trujillo, ela se referiu à violência que assola o Peru e afirmou que, se eleita, governaria com mão de ferro, como seu pai, que foi condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade.
A mensagem trouxe à tona as inúmeras violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura de Alberto Fujimori, como o massacre de Barrios Altos, em 1991, e o massacre de La Cantuta, em 1992, perpetrados pelo esquadrão da morte Grupo Colina.
Nos últimos 10 anos, o Peru vive uma profunda instabilidade política. O país já teve oito presidentes e elegerá o nono em abril de 2026, cargo que Keiko Fujimori buscará mais uma vez.
