Cresce indignação em torno do caso Ayotzinapa

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2019-09-20 15:35:47

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G. Alvarado

Prestes a completar cinco anos, o sumiço de 43 jovens da Escola Normal de Ayotzinapa, município do estado mexicano de Guerrero, cresce a indignação com um juiz que colocou em liberdade um grupo de 24 dos indiciados por este caso.

O subsecretário de Direitos Humanos, População e Migração da Secretaria de Governo, Alejandro Encinas, falou que a medida prova que tem alguma coisa podre no sistema de justiça nacional.

“A decisão do juiz é uma afronta às vítimas, aos pais de família, e à justiça de nosso país”, disse Encinas realçando que estas resoluções incentivam o silêncio, a cumplicidade e a impunidade.

Até agora, os pais dos estudantes insistiram inutilmente em que sejam clarificadas as circunstâncias do sequestro, o que foi feito deles, e se estiverem mortos, querem recuperar seus corpos.

O fato ocorreu à noite de 26 a 27 de setembro de 2014, quando jovens ocuparam vários ônibus e rumaram à vizinha cidade de Iguala com o propósito de reclamar melhores condições de estudo.

Sabe-se que foram detidos pela policia municipal de Iguala e entregues a um grupo de narcotraficantes ligados às autoridades locais que se encarregaram de matá-los e dar sumiço aos restos.

O então Procurador Geral da Nação, Jesús Murillo, defendeu a versão de que os corpos tinham sido incinerados num lixão dos arredores e as cinzas jogadas num rio. Portanto, perderam-se todas as provas.

A hipótese foi desmentida por investigadores independentes, que demonstraram que não havia gasolina suficiente naquele lugar para queimar um número tão elevado de corpos e também não se achou nada que indicasse a existência de tamanha fogueira por lá.

Além disso, moradores assinalaram que naqueles dias tinha chovido muito, o que teria impedido acender um fogo de grandes proporções.

Não obstante, durante o governo de Enrique Peña Nieto, as investigações não progrediram. Já o atual governo de Andrés Manuel López  Obrador tem sido mais aberto na hora de atender aos familiares das vítimas, mas em termos práticos não houve avanços nas indagações.

Nestas circunstâncias, ocorreu essa infeliz decisão do juiz Samuel Ventura Ramos, que tirou da prisão 24 dos indiciados.

Agora tem 77 soltos das 142 pessoas ligadas ao crime, o que significa um triste prognóstico quanto à busca da verdade e a justiça num caso que conturbou a opinião pública mexicana e internacional.

Desde que o presidente Felipe Calderón (2006-2012) aceitou travar no México a guerra contra o narcotráfico com destino aos EUA, centenas de milhares de pessoas sumiram ou morreram naquele país. Ayotzinapa se tornou uma figura emblemática porque poderia significar o começo do fim da impunidade, o que, infelizmente, não sucedeu até agora.



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