Retorno sem glória

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2021-07-08 18:56:22

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Guillermo Alvarado

Em silêncio, na calada da noite, as tropas dos Estados Unidos e seus aliados da OTAN abandonaram a base aérea de Bagram, no Afeganistão, o que aproxima o final de uma inútil guerra de 20 anos de duração, a mais longa travada pelos norte-americanos.

Assim, ficou vazia a maior base militar, que foi o QG das forças de ocupação, garantiu a visita de presidentes e de outros altos funcionários e foi ponto de partida de milhares de missões aéreas que mataram elevado número de civis.

Informação veiculada pela agência noticiosa Prensa Latina assinala que os militares afegãos estão aborrecidos porque não tinham sido informados da saída, que ocorreu justamente no meio de uma forte ofensiva das tropas do Talibã.

O Afeganistão foi bombardeado e ocupado em 2001 por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, em represália por não ter entregado Osama Bin Laden, presumível mentor do ataques de 11 de setembro daquele ano em Nova York.

Ao longo de quase 20 anos, o Pentágono e a OTAN descobriram que uma coisa é ocupar um território, e outra coisa bem diferente é controlá-lo. E se somaram a outros exércitos, começando pelo de Alexandre de Macedônia, que quebraram os dentes nas escarpadas montanhas afegãs.

Os civis, como sempre, levaram a pior no conflito. Estima-se que morreram 47.240 pessoas, centenas de milhares ficaram aleijadas e quase três milhões foram obrigados a abandonar seus lares para salvar a vida. Perto de 66 mil soldados pereceram na guerra.

O exército dos Estados Unidos teve 2.400 baixas mortais e 20 mil feridos, não se sabe, porém, quantos sofreram severos traumas psicológicos e necessitam ajuda médica para viver.

Sem dúvida, essa prolongada guerra foi um fracasso para as tropas norte-americanas e seus aliados, mas é difícil responder: afinal, quem ganhou? A não ser que pensemos no Complexo Militar Industrial, cujo negócio é expandir a morte.

O presidente Joe Biden fixou o próximo dia 11 de setembro, data simbólica, para completar a saída e os militares dizem que pode ser antes.

De qualquer maneira, será um retorno sem glória. Deixarão atrás um país que nunca mais será o mesmo, povoado de mercenários, agora chamados contratistas, mergulhado na violência e à beira de uma guerra civil.

Assim, terminará uma injusta e dolorosa intervenção militar, que recebeu o ridículo nome de Liberdade Duradoura.

 

 



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