Morte inexplicável

Editado por Irene Fait
2022-07-11 17:11:03

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 Kyodo News / AP


Por Guillermo Alvarado

A sociedade japonesa está abalada e continuará assim durante muito tempo, depois do assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, um dos políticos mais influentes do Japão desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Abe tinha sido eleito três vezes para chefiar o governo. Seu primeiro mandato, de 2006 a 2007, foi tempestuoso e finalizou de maneira abrupta por motivos de saúde. Isso não impediu que se candidatasse e ganhasse outro mandato em 2012, Dessa feita governou até 2020, quando se demitiu.

O Japão é um país relativamente tranquilo, onde em 2018 houve apenas nove mortos por feridas de armas de fogo contra mais de 39 mil nos Estados Unidos. A venda de revólveres é muito limitada e o trâmite para consegui-lo é longo e rigoroso.

É claro que isto não quer dizer que não haja vítimas de atos de violência. Muitos recordarão aquele ataque com gás sarin no metrô de Tóquio, em 20 de março de 1995, porém verdadeiramente são casos excepcionais.

Shinzo Abe será recordado especialmente por ter tratado de transformar o Japão numa potência de alcance global, não só do ponto de vista das relações exteriores, mas também do militar e o econômico.

Para atingir esse objetivo, propôs modificar o artigo 9 da Constituição, que proíbe expressamente a existência de um exército, a declaração de um estado de guerra e a participação de operações internacionais.

Conseguiu que se aprovasse uma reinterpretação dessa norma, para exercer o chamado direito de “autodefesa coletiva”.

De qualquer maneira, o Japão possui uma força bastante bem equipada, por terra, ar e mar, e de acordo com o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo, seu orçamento militar se situa entre os seis mais elevados do mundo.

Quanto à economia, o Japão sofreu uma dura derrota por causa da crise no setor imobiliário de 1991. Até 1989, das 50 maiores empresas do planeta, 32 eram japonesas. Já em 2018, apenas havia uma.

Shinzo Abe tratou de enfrentar a conjuntura com uma mistura de doutrinas econômicas, chamada “Abenomics” que acabou desembocando no neoliberalismo puro, sem conseguir a recuperação, em troca, o descontentamento da população disparou.

Seu assassinato, um ato condenável de todos os pontos de vista, pôs ponto a uma era política e significa um aviso de que a violência, uma verdadeira praga que se espalha pelo mundo, está aumentando.

 



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