O advogado ultraconservador José Antonio Kast, de 59 anos, foi proclamado presidente eleito do Chile após uma vitória expressiva no segundo turno das eleições, culminando assim sua terceira campanha presidencial consecutiva. Com mais de 95% das urnas apuradas, Kast venceu com ampla margem de 58,30% dos votos, contra 41,70% da candidata progressista Jeannette Jara, do Partido Comunista.
Essa vitória coloca Kast entre os políticos de extrema-direita que governam nas Américas, sendo achegado a figuras como o presidente argentino Javier Milei e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Kast, que receberá formalmente a transferência de poder do presidente Gabriel Boric em 11 de março para um mandato que se estende até 2030, construiu uma carreira política que começou em 1996 como vereador em Buin e se consolidou com 16 anos consecutivos como deputado nacional a partir de 2002.
Embora grande parte de sua carreira tenha se desenvolvido sob a égide da União Democrática Independente (UDI), ele renunciou em 2016 após disputas internas e fundou seu próprio movimento, o Partido Republicano, que reuniu os setores mais radicais do país.
Durante a campanha atual, Kast moderou o tom de algumas propostas controversas que havia apresentado em 2021 — como a aplicação de testes de drogas a políticos ou a eliminação do ministério da Mulher — tentando projetar uma imagem mais conciliatória.
No entanto, concentrou seu discurso em um pacote de medidas de segurança chamado “Plano Implacável”, cujos slogans são “Sem reintegração, sem privilégios, sem visitas. Só prisão” e “Se a gente te pega, é a última vez que você vê a rua”.
Sobre a questão da imigração, Kast encontrou um de seus temas mais ressonantes. Seu “Plano Escudo de Fronteira” promete construir um “sistema de contenção física e tecnológica impenetrável” na fronteira norte, que incluirá muros de cinco metros de altura com sensores, trincheiras profundas, cercas eletrificadas e vigilância por drones.
Seu plano também inclui sanções contra ONGs que “obstruem” deportações, multas para aqueles que empregam ou auxiliam imigrantes indocumentados e a negação de direitos como o envio de remessas, o acesso a programas sociais, educação pública e assistência médica (exceto em emergências).
As eleições, em que mais de 15,7 milhões de pessoas estavam aptas a votar, ocorreram em um clima de grande polarização, dominado por debates sobre segurança, economia, migração e o desempenho do governo de Gabriel Boric.
Com a vitória de Kast, o Chile inicia um novo capítulo político que promete mudança radical em suas políticas internas e em seu posicionamento regional.
Com informação da RT em espanhol
