O presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter ordenado à Agência Central de Inteligência (CIA) que realizasse ações secretas para desestabilizar e derrubar o governo legítimo da Venezuela, liderado por Nicolás Maduro.
É difícil pensar que alguém foi pego de surpresa com essa informação, ninguém é tão ingênuo, visto que esse aparato de espionagem e penetração ideológica — que cumpre ambas as funções — se dedica justamente a isso desde sua fundação em 1947.
Por isso, na minha opinião, o alerta do presidente, mais do que uma ameaça, é uma confissão de como esse poder viola abertamente a soberania dos países que considera seus adversários e subverte o ordenamento jurídico internacional.
Para este comentário tirei algumas ideias de um artigo de Manuel de la Iglesia-Caruncho, professor da Universidade Complutense de Madri, intitulado “A CIA na América Latina. O que está pretendendo agora?”
É um organismo profundamente anticomunista, algo presente no DNA dos governos americanos, sejam democratas ou republicanos.
Além disso, mantém intactos todos os seus poderes, tanto em termos orçamentários quanto em termos de pessoal e capacidade técnica, para realizar “operações secretas”, sejam elas propaganda, guerra econômica, ações diretas ou organização de grupos de resistência ou “libertação” clandestinos.
Um aspecto importante é que não precisa, repito, não precisa de ordens ou instruções para iniciar essas ações, pois mantém uma espécie de piloto automático para qualquer coisa que pareça ser uma ameaça ao sistema capitalista americano.
Em outras palavras, não é um aparato de reação, embora também não é infalível, e há erros históricos que comprovam isso. Também não precisa de um orçamento do Estado, nem mesmo do orçamento de inteligência do Departamento de Defesa, renomeado por Trump como Departamento de Guerra, porque este tem suas próprias dotações.
De la Iglesia-Caruncho lembrou que Edward Snowden, ex-membro da CIA, vazou informações de que, em 2013, a agência tinha US$ 14,7 bilhões e 21.575 funcionários, número que deve ter aumentado nos últimos anos.
Por último, faço uma pergunta que não é nada retórica, mas que pode passar despercebida na turbulência dos nossos tempos: Alguém acredita, de verdade, que a CIA não está trabalhando contra o povo da Venezuela há muitos anos? De onde vêm os Juan Guaidó e Corina Machado?
