De volta à Somália

Editado por Irene Fait
2022-05-19 17:49:26

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EP

Por Guillermo Alvarado

O governo dos Estados Unidos anunciou a volta permanente de um grupo de militares à Somália a pretexto de ajudar as autoridades daquele país africano a combater os grupos extremistas e garantir a estabilidade de uma região mergulhada no caos e castigada pela fome.

Em 2020, pouco antes de finalizar seu mandato, Donald Trump ordenou a retirada de todos os soldados estacionados na Somália, se bem que ao longo de 2021 e nos primeiros meses deste ano, entravam para realizar missões de combate e tornavam a sair.

O restabelecimento de uma tropa com perto de 500 soldados e oficiais coincide com a eleição recente do novo presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud, após terem sido adiados os pleitos inúmeras vezes por causa da instável situação social e política.

A Somália faz parta do chamado Chifre Africano, no extremo leste desse continente, tem fronteiras com Etiópia, Djibuti e Quênia, e um pouco mais de 16 milhões de habitantes.

O brutal regime colonial europeu desagregou o país a tal ponto que, desde sua independência, em 1960, a estabilidade foi efêmera e sua economia não deslancha, baseada na agricultura não industrializada.

Em 1992, a pretexto de uma grave crise, houve uma intervenção “humanitária, uma ação que viola a Carta da ONU porque ignora a soberania nacional ao permitir o desembarque de tropas estrangeiras para assumir o controle da situação.

A operação terminou em estrondoso fracasso, porque partiu do critério de que os somalis não eram capazes de resolver seus próprios problemas. Ademais, só foram envolvidos dois grupos no país e deixaram de lado as outras forças.

Alguns provavelmente se lembram da batalha de Mogadíscio acontecida em 31 de outubro de 1993, quando tropas leais a Mohamed Farrah Aidid atacaram naquela cidade os soldados norte-americanos, dos quais 19 morreram e 73 ficaram feridos, dois helicópteros foram abatidos e outros sofreram danos.

À época, o presidente William Clinton ordenou a saída temporária dos soldados norte-americanos após a derrota, mesmo assim, a ocupação internacional ficou e a guerra doméstica permanece.

Para lá do flagelo da guerra, uma intensa seca, que se estende pela região toda, e uma prolongada praga de gafanhotos arruinaram as colheitas e milhões de pessoas estão passando fome.

Estes problemas não se resolvem com tropas ou balas, mas sim com ajuda verdadeira para o desenvolvimento econômico e social, que cure as cicatrizes deixadas pela colônia e a escravidão e alargue os horizontes da população.



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