Muros

Editado por Irene Fait
2022-07-04 17:04:10

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Imagem Telesur

Por Guillermo Alvarado

Hoje em dia, não admira que potências, monarquias, ou governos construam muros para manter afastados migrantes, refugiados ou simplesmente pessoas necessitadas. Nesse sentido, Estados Unidos, Espanha, Marrocos e Israel mostram todos os dias quanto desprezam seus semelhantes.

Porém, que um país pobre, bastante pobre mesmo, faça isso para separar aqueles que têm sido seus vizinhos a vida toda, com quem dividem o território de uma ilha no Caribe, é verdadeiramente espantoso.

Muitos já adivinharam que estou falando na parede indecente que as autoridades de República Dominicana estão construindo na fronteira com o Haiti com o propósito de impedir que os haitianos entrem no país em busca de trabalho ou refúgio.

Para alguns meios de imprensa, como o jornal argentino Página Doce, a obra é o exemplo da política anti-imigrante e discriminatória. Além disso, creio, mostra por que o mundo está como está.

Quando os pobres desprezam e humilham outros pelo mero fato de serem um pouco mais pobres ou sua cor de pele for diferente, que mais podemos dizer?

É verdade que a migração ilegal é um problema, que deve ser controlada, todavia a solução não é bater a porta na cara dos que buscam um pouquinho de solidariedade humana.

É verdade, também, que alguns dos que recorrem a essa via  nem sempre vão carregados de boas intenções, porém as autoridades e as leis existem justamente para zelar pela ordem.

A história das relações entre os dois povos está repleta de acontecimentos lastimáveis. Em 1937, o ditador Rafael Leônidas Trujillo mandou matar milhares de haitianos a facadas e pancadas. O episódio é conhecido na história como “o massacre da salsa”.

Em 2013, o Tribunal Constitucional dominicano retirou a cidadania de milhares de pessoas, filhos de haitianos indocumentados que nasceram nesse país. Sem dúvida, uma decisão absurda e xenófoba.

Agora estão erguendo um muro, cujo primeiro desenho, por sinal, foi feito em Israel, um perito nesses temas. A construção foi incumbida a um consórcio chamado COFAH. Ninguém sabe nada de suas origens e seu trabalho é segredo de Estado, assim foi estipulado no contrato.

A jogada pode sair bem cara ao presidente Luis Abinader, porque seu país depende muito da mão-de-obra haitiana em áreas tão sensíveis como a agricultura, a construção e os serviços. Vamos ver o que vai acontecer.

 

 

 

 

 



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