
Organização Caminhando Fronteiras
Por Guillermo Alvarado
O ataque furioso do presidente dos EUA Donald Trump contra os migrantes sem documentos e a militarização de suas fronteiras no sul visibilizaram a situação difícil daqueles que precisam deixar sua terra natal em busca de oportunidades.
Todos os anos, dezenas de milhares de pessoas viajam geralmente do sul empobrecido para o norte próspero, mas egoísta e desconfiado, e muitas dessas massas de pessoas não conseguem chegar ao seu destino, e morrem no árduo e perigoso trajeto.
Vários desses caminhos mortais começam na África, um continente empobrecido pela exploração secular por Europa de seus recursos naturais e humanos.
De acordo com um relatório recente da organização Caminhando Fronteiras, 10.400 pessoas se afogaram em 2024 ao tentar chegar à costa da Espanha, e mais de 9.700 delas morreram na chamada “rota do Atlântico”.
Esse caminho parte dos países da África Ocidental para as Ilhas Canárias e, de lá, tentam continuar para a Europa continental.
O relatório indica que em 2024 o número de mortes aumentou 58% em relação a 2023, e entre as vítimas há cerca de 1.500 crianças, sendo os meses de abril e maio os mais mortais.
Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância informou que, na última década, cerca de 3.500 crianças perderam a vida tentando atravessar da África para a Itália pela parte sul do Mar Mediterrâneo com a intenção de chegar ao solo italiano.
Isso equivale a quase uma criança morta por dia, destaca o UNICEF. E acrescenta que muitas delas tentavam escapar de conflitos armados, violência, fome e pobreza e acabaram perdendo a vida no mar.
Deve-se observar, no entanto, que todos esses números, aterrorizantes por si só, são apenas uma estimativa da realidade, pois se baseiam em relatos de sobreviventes de naufrágios, suas famílias ou grupos de resgate.
Há muitos acidentes para os quais não há testemunhas, e é impossível manter o controle de todos os barcos que deixam o continente em uma viagem com prognóstico reservado e nunca chegam ao porto.
Sempre se afirma que a migração é um direito, mas aqui estamos falando daqueles que são forçados a partir precisamente porque lhes são negados todos os seus direitos em sua própria terra, o que é o outro lado do problema.