
Youtube
Por Roberto Morejón
Como ocorre em quase todas as iniciativas do presidente Gustavo Petro, a ala direita da Colômbia criticou a adesão do país sul-americano à Iniciativa Cinturão e Rota no intuito de apoiar o governo de Donald Trump em sua guerra comercial com a China.
China e Colômbia formalizaram recentemente um plano de cooperação que abrange a incorporação de Bogotá ao projeto de Pequim de investimento em infraestruturas.
O governo de Petro argumenta que isso reduzirá o déficit comercial da Colômbia com a China, revitalizará a costa do Pacífico e a levará a um relacionamento mais igualitário e livre com o mundo.
Não se trata de uma medida isolada, pois a Iniciativa Cinturão e Rota é um programa global para financiar grandes obras, ao qual mais de 150 nações aderiram.
Criada pelo presidente Xi Jinping em 2013, a mesma impulsiona a conectividade global por meio de infraestruturas, portos, ferrovias e energia, suficientes para gerar enormes expectativas.
Não faltam especialistas que apontam que Cinturão e Rota não é apenas uma oportunidade econômica, mas também uma estratégia apropriada em um momento em que o governo Trump está adotando um protecionismo desenfreado.
Diante dos ataques da direita e de parte da imprensa conservadora, o governo de Petro insiste em que os documentos assinados com a China delineiam uma cooperação flexível sob os termos que cada lado.
Os opositores do governo colombiano alegam que a Itália e o Panamá se retiraram da Iniciativa, mas essas decisões, segundo os entendidos, são resultado de manobras geopolíticas, influenciadas pela pressão da Europa e dos Estados Unidos.
Já na América Latina, os focos de desenvolvimento patrocinados pela China estão avançando a passos céleres, como o porto peruano de Chancay, que promete transformar a conexão marítima da região com a Ásia.
A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, Peru e Chile. O comércio entre o gigante asiático e a região ultrapassou US$ 500 bilhões no ano passado pela primeira vez, 40 vezes mais do que no início do século.
Os conservadores e aqueles que apoiam a cruzada de Washington contra Pequim deveriam levar em conta que a entrada da Colômbia na Iniciativa Cinturão e Rota não é um tratado, memorando de entendimento ou documento com obrigações legais. Cada projeto proposto será analisado caso a caso.