O povo mapuche não cede

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-08-18 13:29:42

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Por Maria Josefina Arce

O conflito mapuche se tornou mais intenso nos últimos dias, no Chile. O governo do presidente Sebastián Piñera contestou com violência à justa demanda de um povo historicamente criminalizado que pede que seus direitos humanos sejam respeitados.

Membros dessa comunidade presos, sem garantias sanitárias no meio da Covid-19, despejos, repressão praticada pelos carabineiros e ataques de grupos da extrema-direita, sem que a polícia se mexa,é o dia a dia desse povo, um dos mais pobres do Chile.

A situação chegou ao ponto em que não há volta atrás. Nas prisões chilenas há perto de 30 convictos em greve de fome faz várias semanas, entre eles um líder espiritual do povo mapuche: Celestino Córdoba.

Os grevistas exigem cumprir em suas comunidades as sentenças ditadas contra eles – em muitos casos sem provas claras -, o fim do roubo de suas terras e o cumprimento do Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho que estipula as prerrogativas das etnias indígenas.

A ONU manifestou muitas vezes sua preocupação com a situação existente. Aliás, em dias recentes, o Escritório Regional do Alto Comissariado da organização internacional para os Direitos Humanos enviou uma equipe à região dos araucanos para conhecer in loco mais detalhes.

Os peritos exortaram ao diálogo para encontrar uma solução ao conflito, que tem profundas raízes e que vem alastrando décadas de abandono, discriminação, despejo de suas terras ancestrais e de seus recursos naturais por multinacionais amparadas por sucessivos governos.

No começo deste mês, houve uma aproximação entre as autoridades e a comunidade mapuche, porém esta denunciou que as incipientes negociações tinham sido cortadas pelo governo, que não tinha colocado nenhuma solução sobre a mesa.

Ao contrário, o criticado ministro do Interior Victor Pérez insiste em que conversar não significa de jeito nenhum modificar resoluções dos tribunais de justiça, referindo-se às sentenças que estão cumprindo membros dessa etnia injustamente na cadeia.

O ministro parece não lembrar que 1.700 convictos foram beneficiados em abril passado por uma lei aprovada pelo presidente Piñera para comutar ou cumprir sentenças em casa, levando em conta os riscos da pandemia.

É claro que nenhum dos beneficiados era mapuche, apesar de cumprirem os requisitos da lei.

Esta é apenas uma mostra a mais da discriminação que padece todos os dias esse povo originário. Os mapuches, mesmo assim, não cedem e estão lutando para que haja justiça.



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