
Lula
Rio de Janeiro, 7 de julho (RHC) O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse que implementar o direito à saúde requer margem fiscal, falando no segundo e último dia da 17ª Cúpula do BRICS.
Na sessão plenária sobre Meio Ambiente, COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) e Saúde Global, o presidente observou que "muitas das doenças que ceifam milhares de vidas em nossos países, como o mal de Chagas e a cólera, já teriam sido erradicadas se tivessem chegado ao Norte Global".
Tal afirmação aponta para as desigualdades históricas que separam o Sul do Norte. Referindo-se ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3) da ONU — garantir vida saudável e bem-estar para todos — Lula foi categórico: "Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, nutrição adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda".
Como anfitrião do fórum, o líder progressista deixou claro que não está disposto a se submeter ao mandato neoliberal de cortes e reiterou seu discurso de confronto entre pobres e ricos.
Afirmou que seu governo não sacrificará os gastos sociais, pelo contrário, promoverá políticas redistributivas como forma de garantir a justiça social. Da mesma forma, defendeu a restauração da liderança da Organização Mundial da Saúde (OMS). É urgente que a OMS retome seu papel como fórum legítimo para enfrentar pandemias e proteger a saúde das pessoas. A saúde global não pode depender do unilateralismo ou do abandono de potências que se retiram de organizações multilaterais", alertou, referindo-se a decisões passadas de governos como os dos Estados Unidos e da Argentina.
Durante seu discurso, o presidente também destacou a importância de atacar os determinantes sociais da saúde. "Renda, educação, gênero, raça e lugar de nascimento determinam quem fica doente e quem morre", denunciou com veemência.
Para lidar com essa desigualdade, anunciou o lançamento da "Aliança para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas", uma iniciativa que buscará promover infraestrutura física e digital e aumentar a formação de capacidades em países em desenvolvimento.
Antecipando seu papel de anfitrião da COP30 em Belém do Pará, em novembro, Lula pediu uma transição justa e planejada para acabar com os combustíveis fósseis e eliminar o desmatamento.
Ele criticou abertamente o papel dos grandes bancos internacionais que ainda financiam essa indústria. "80% das emissões de carbono são produzidas por menos de 60 empresas. A maioria delas opera nos setores de petróleo, gás e cimento", confirmou. (Fonte: PL)